Beber dois copos d’água em jejum, todas as manhãs;
alongar-se por cinco minutos ao acordar e antes de dormir; manter uma rotina de
atividade física, com exercícios aeróbicos, de força, equilíbrio e
flexibilidade; desafiar-se permanentemente com novos projetos;
libertar-se das emoções negativas e pensamentos automáticos gerados pelo
cérebro.
Eu sei que isso parece receita de livro de autoajuda e já
posso antever leitores torcendo o nariz. Eu mesmo torci o meu, confesso, quando,
ao conversar com a minha geriatra (sim, eu tenho uma!), Dra Carla Frohmuller (*), ela resumiu nesses cinco pontos o
que definiu como o “elixir da longa vida saudável” . Ou seja: os hábitos que
devemos incorporar, para atravessar o patamar dos 60 anos e ter a perspectiva
de viver pelo menos mais trinta, sem comprometer a qualidade de vida e/ou pesar
sobre as nossas famílias.
Torci o nariz, principalmente porque, ao me dar conta que
coisas tão simples podem fazer toda a diferença, eu não estou fazendo nenhuma
delas. Minto: corro na esteira três vezes por semana, o que é um quarto do item sobre exercícios físicos; me desafiei a
retomar uma velha paixão e, voltar a
escrever criando este blog, o que responde à parte de um novo projeto; e, no
capítulo dos pensamentos automáticos, tenho, recorrentemente, combatido aquela
vozinha que se instala dentro da cabeça da gente, repetindo ‘oh dia, oh céus,
oh azar!’ – aqui, às vezes perco, às vezes ganho.
Entendo que estou devendo muito. Devendo a mim mesma.
Devendo a hidratação diária que os dois
copos d’água em jejum podem prover, já que, segundo a Dra. Carla, a partir dos
40 anos, nosso sistema vai secando e é preciso repor a água que ele não retém
mais, se não quisermos virar uma
uva-passa. Devendo ao meu corpo o espreguiçamento que, segundo a geriatra,
combate o enrijecimento das fibras, o
coloca no lugar pra começar o dia e o prepara para ter uma boa noite de sono –
um dos pilares da vida saudável. Devendo os alicerces para manter esse corpo
bem disposto e ágil, que -- ainda resgatando
minha conversa com ela -- só uma prática equilibrada de exercícios proporciona.
Devendo a leveza de alma, que só se torna sustentável, quando entendemos que o
pensamento faz parte da gente, mas não é
a nossa integralidade e isso nos permite dar um passo atrás para observá-lo e
não reagir a ele instantaneamente. Reconheço: essa foi a parte do papo que
mais me custou alcançar e, ao mesmo
tempo, foi a que mais tocou meu coração.
Me custou, porque sou essa pessoa hiperartiva, ansiosa,
multiprocessada, animada, irônica, muitas vezes, arrogante, insuportÁvel e que
tenta entender tudo pelo lado racional – o oposto do que é ser zen. Me tocou, porque também sou essa pessoa contemplativa,
sensível, doce, piegas, humilde, às vezes, nostálgica, tendendo até a ser
deprimida – também o oposto do que é ser zen. E foi juntando esses meus dois
lados não-zen, mas tão centrados e concentrados, que pude entender o que a Dra.
Carla quis dizer com: “ditar ao seu cérebro a intenção dos seus
relacionamentos”, “focar no presente” e “reconhecer: tenho questões negativas para
resolver e trabalhar, mas o pensamento é só um pensamento, não sou eu”.
Para ela, a resposta para atingir o estado de serenidade e
clareza está na prática do mindfulness
– um exercício mental que foca no ritmo da respiração profunda, visualiza uma
imagem agradável e esvazia a mente de pensamentos. “Cinco minutos por dia são
suficientes”, garante a geriatra. Há quem recomende a ioga, quem adote a
macrobiótica associada ao Tai chi chuan e quem se dedique ao aprendizado de
sâncristo, ou qualquer outra língua morta. Eu venho, há alguns anos, insistido
na prática da meditação transcendental -- com o mantra que herdei num treinamento
para calar a voz internitente dentro da cabeça -- e, como já disse aqui, às vezes consigo, às
vezes não. Êta vozinha insistente e irritante essa!!!!!!!!!
Juntando e misturando tudo isso, mais um pouco daquilo que
ainda não sei, pode ser que dê pra alcançar o que a máxima do Zeca Pagodinho
melhor traduz como estado zen: … “Deixa a vida me levar, vida leva eu, deixa a
vida me levar, vida leva eu”…
Prometo compartilhar aqui o que eu descobrir. Espero começar
com algo que vocês possam me contar.
(*) A geriatra Dra.
Carla Frohmuller é co-fundadora do Instituto Senior e autora dos blogs institutosenior.org.br e megamagra.com.br .
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Drink two glasses of water on an empty stomach every
morning; stretch for five minutes when getting up or before going to bed; keep
a workout routine with exercises that demand resistance, strength, balance and
flexibility; embrace new challenges, new projects; get free of the dark
emotions and instantaneous thoughts created by the brain.
I know this looks like one of those receipes we find on self-help how to books and can foresee that critical look on the readers’ face. I confess: I
made that face myself, when talking to my geriatrics (Yes, I have one!), Dr.
Carla Frohmuller (*), she summarized in these five points what she defines as
‘the elixir of life’. That means, the
habits we should adopt to go through the sixties with the perspective of leaving
another 30 years, without impacting the quality of life and/or being a burden
to our families.
I made that face, because, at the same time I realized
simple things can make a big difference, I noticed I am not doing none. I am
lying: I jog on the threadmill three times a week, what is a portion of the
point on working out; I have challenged myself to restart writing and here I am
with this blog -- so that addresses the point on a new project; regarding the
chapter on instantaneous thoughts, I have been permanently fighting that
voice which keeps repeating dark statements in my mind – here, some times I
lose and sometimes I win the battle.
I acknowledge the debt. I am actually in debt with myself. I
owe me the daily hydratation provided by the two glasses of water on the empty
stomach, since, according to Dr. Frohmuller, our system gets drier after the
forties and we need to replace the water it does not retain any more , if we do
not want to become as dry as a raisin. I
owe me the stretching practice that lubrificates my joints, waking up my body
do start the day and preparing it to go to sleep, as the geriatrics says. I am also in debt with the complete workout
session and with the efforts to make my soul lighter. Actually, to understand
that my thoughts are part of me, but they are not ME, was the most difficult
portion to get of the conversation with Dr. Froh, but it was also what
mostly touched my heart.
It was hard to get, because I am this multitasking, anxious,
ironic, excited person, who many times becomes arrogant and unbearable and
tries to understand everything rationally – the opposite of what would be
defined as zen. It touched me deeply, because I am also this sweet,
contemplative, sentimental, humble person, who many times becomes so nostalgic
that gets close to depression – the opposite of what would be defined as zen
too. And only pulling my two non-zen sides together, I was able to understand
what Dr. Frohmuller meant when she said: “tell your brain the intent of your
relationships”, “focus on the present” and recognize: “I have a dark side to
work on, but the thoughts are only thoughts”.
For her, the path to reach serenity and clarity has to do
with mindfulness, a mental practice
that makes the mind empty while concentrating on the deep breathing and on a nice
mental image. “Five minutes a day is enough”, says Dr. Froh. There are people
who recommend Ioga, others who combine a macrobiotic diet with the practice of Tai Chi Chuan and those who dedicate their time to learn Sanskrit or any other
unspoken language. I have been insisting on transcendental meditation for
several years to get there and, as I said, some times I succeed, others I do
not.
Pulling all of this together and other things I have not
learnt yet, I may find what is enough to achieve what Zeca Pagodinho (**) better translates as zen: … “Let
life take me, let it take me”… (the
Portuguese way to say let it be).
I promise to share here whatever I find. Maybe I start with
something you tell me.
(*) The geriatrics Dr. Carla Frohmuller is the
co-founder of the Senior Institute and the author of two blogs: institutosenior.org.br and megamagra.com.br .
(**)
Zeca Pagodinho is a Brazilian samba composer and singer. ‘Let life take me’ is
one of his big hits.