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sábado, 10 de setembro de 2016

A Gente Também 'Somos' Millenials / We 'Is' Millennials Too

O erro de concordância no título deste post é proposital. Pretende chamar a atenção, principalmente de quem já cruzou o portal dos 50 anos, para a ideia de inclusão implícita nessa afirmação.  Também tem a intenção de fazer referência ao sucesso ‘A gente somos Inútil’ (*), da banda de rock Ultrage a Rigor, que serviu de trilha sonora de engajamento para muitos da minha faixa etária.  Quer, sobretudo, rebelar-se contra quem, postulando a sabedoria da experiência e da maturidade, tanto critica os millenials: a geração nascida na década de noventa.

Quero me rebelar, sim. Me rebelar contra quem apagou da memória afetiva as emoções que o/a impulsionavam aos vinte anos e, hoje, define esses jovens como superficiais, narcisistas, arrogantes, egocêntricos e impacientes  --  pegando emprestadas aqui as palavras do meu querido amigo Mauro Segura, que quinze dias atrás, publicou um video sobre o “dilema” dessa geração no seu blog A Quinta Onda (**) e que, equilibradamente, também a definiu como ousada, flexivel, adaptável, tecnológica e sensível à diversidade.
Eu e meu mais recente amigo-millenial, Felipe Curcio
Salve, Mauro! Ao se assumir no seu blog como um
millenial fora de época,  você me inspirou. Salve, Felipe Curcio, meu mais recente amigo-millenial! Ao discutir esse tema comigo, você me estimulou a escrever este post.

Voltando, então, a minha rebeldia, revisito a minha própria história. E repassando com honestidade e afeto alguns dos fatos que a marcaram, me pergunto: será que não pareci arrogante, quando, ao postular pela primeira vez um espaço na redação de uma publicação importante, me travesti de certezas para grandes reportagens, a fim de dissimilar o meu nervosismo e a minha insegurança?  Será que não fui percebida como narcisista e egocêntrica, quando, num impulso de ousadia, depois de uma semana de noites mal dormidas, adentrei a sala do diretor de redação de um grande veículo, para checar por que ainda não haviam me contratado para uma editoria recém-aberta, se eu já trabalhava, naquela redação, como free-lancer há pelo menos dois anos ? (!) Será que não me julgaram impaciente, quando, depois de contratada, um ano mais tarde, num arroubo de coragem,  após roer todas as minhas unhas (!), questionei meu chefe por que não tinha sido incluída na lista de promoções da editoria?…

 Êta, memória precisa! Precisa e grata.
Precisa, porque lembro perfeitamente de todas as emoções que, ainda que subrepticiamente, pontuaram essas minhas petulâncias e do misto de surpresa e curiosidade estampado nos rostos dos meus interlocutores. Grata, porque esses mesmos interlocutores foram suficientemente pacientes e generosos para enxergar além da minha insegurança, ansiedade e inquietação, e apostar no potencial do meu entusiasmo, da minha determinação, criatividade e dedicação em fazer acontecer. Foi assim enquanto trabalhei em redações e, assim foi, depois que migrei para o mundo da comunicação corporativa.

Tive o privilégio de ter grandes chefes, é verdade. E talvez por ter experimentado esse acolhimento na juventude, na maturidade nunca enfrentei problemas ao me relacionar com jovens, fossem eles da geração X, Y ou Z. Pelo contrário, sempre abracei a oportunidade de aprender com eles, ainda que muitas vezes suas inseguranças, ansiedades e inquietações chacoalhassem meu espaço maduro de conforto e reavivassem as questões que eu ainda tinha abertas. Que eu ainda tenho abertas.

Sim, porque, aos quase 60 anos, eu continuo tendo muitas perguntas sem respostas. A diferença é que, hoje, sei o bastante de mim para assumir, com tranquilidade, as certezas que não tenho. Aos vinte e trinta e alguns anos – assim como os atuais millenials --  eu precisava me agarrar arrebatadamente ao que acreditava, para disfarçar todas as minhas dúvidas e afirmar, diante de tudo e todos, minha jovem identidade.  Eu, simplesmente, precisava de ressonância, para poder reconhecer a mim mesma.

Hoje, chacoalho, chacoalho e até caio me esborrachando no chão. Porém, aguento os trancos. Aguento, porque com eles aprendo, me aprimoro e cresço. Aguento, porque eles me lembram do meu tamanho e que não vale a pena querer ser maior ou menor do que sou.  No que diz respeito aos millenials, aprendo, exercitando a paciência – característica que nunca foi o meu forte --, mas, sobretudo, me reconhecendo  na sua ousadia, flexibilidade, sensibilidade à diversidade e no seu fascínio por tecnologia – nesta instância e, no meu caso específico, com algumas dificuldades operacionais que já confessei, em post anterior, aqui no blog. J

Por isso, agradeço muito a todos os millenials com os quais convivi e ainda convivo, profissional e pessoalmente. Eles desafiam o que eu sei e o que eu ainda não sei. Eles me estimulam a resgatar e cultivar a Vera que já teve 20 anos e que ainda existe em mim. Eles são um sopro de renovação para a Vera, que, com quase 60 anos, segue se desafiando, aprendendo e crescendo.

(*) A gente somos inútil  
A gente não sabemos escolher presidente / A gente não sabemos tomar conta da gente / A gente não sabemos nem escovar os dente / Tem gringo pensando que nóis é indigente

(Refrão) Inútil / A gente somos inútil / Inútil / A gente somos inútil…

A gente faz carro e não sabe guiar / A gente faz trilho e não tem trem prá botar /A gente faz filho e não consegue criar / A gente pede grana e não consegue pagar

(Refrão)

A gente faz música e não consegue gravar / A gente escreve livro e não consegue publicar / A gente escreve peça e não consegue encenar / A gente joga bola e não consegue ganhar.

(**) http://aquintaonda.blogspot.com
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The verbal concordance mistake on the headline has a purporse. It intends to call fifty year old people’s attention to the concept of inclusion that is embedded in the statement and to refer to the Brazilian rock band Ultrage a Rigor’s big hit ‘A gente somos inútil’(We ‘is’ useless *) that was a kind of protest song track in the late eighties.  It also intends to provoke those who have been so critical about the millennials – the generation born after 1990.

Yes, my intent is to lead a kind of rebellion against those who have deleted the memories of their twenty year old emotions and now define millennials as shallow, narcissist, arrogant, egocentric and impatient . Here, I confess: I am borrowing the words from my dear friend Mauro Segura who, two weeks ago, posted a video about millennials’dillema on his blog The Fifth Wave and added to these adjectives qualities such as bold, flexible, adaptable, high tech and diversity driven. Hi, Mauro! You have inspired me when you declared yourself an outdated millennial! Hi, Felipe Curcio, my latest millennial friend, our discussion about this topic encouraged me to write this post.

Back to my rebelliousness, I revisit my own story. And honestly looking at some of its milestones I ask myself:
DIdn’t I sound arrogant when I first joined an important newsroom and presented a lot of big/bold ideas to dissimulate how I was nervous and feeling insecure?
Wasn’t I perceived as narcissist and egocentric, when, after a sleepless week, I followed a bold impulse and inquired the director of a big newspaper what he was waiting to hire me, since I had been working for the publication as a free-lancer for almost two years?
Wasn’t I seen as impatient, when, one year later after being hired, I questioned my manager why I hadn’t been included on the promotion list? OK, I bit all my nails before doing that, but he did not know it.

What a precise memory! Precise and grateful.
Precise, because I remember all the feelings I experienced while performing those insolent acts, as well as the mix of surprise and curiosity I could read on my interlocutors’ face. Grateful, because they were patient and generous to see beyond my anxiety and insecurity and bet on my potential. It was like this while I worked in the news and also when I ‘migrated’ to corporate communications.

I had the privilege of having great managers, that’s true. And maybe because I was so welcome in my youth, I have never faced problems in my relationships with young people. I have always embraced the opportunity to learn with them, even when their insecurity and anxiety took me out of my mature confort zone  to revisit open issues.

Yes, even being almost sixty years old, I still having open questions. The difference is today I know enough about myself to simply answer: I do not know. When I was twenty/thirty, as the current millennials do,  I needed to grab my beliefs to disguise all my doubts and reaffirm my young identidy before everyone. I needed that echo to recognize myself.  

Today I say I do not know and learn and grow with that. It makes me fit my size and reminds me I do not want to be smaller or taller.  Concearning my relationship with millennials, I learn with them too.  I learn through the practice of  pacience – never my best gift – and, mainly, recognizing myself in their boldness, flexibility, diversity drive and high tech orientation, although, in this regard, in my case, with some operational challenges, as I have already shared, on a previous post, in this blog J.


Therefore, I thank a lot to all the millennials I have been getting along, professionally and personally. They challenge what I do know and what I do not know yet. They encourage me to rescue and nurture the twenty year old soul that still existing inside me. They are a breath of renovation to my almost sixty year old soul that keeps challenging itself, learning and growing.

8 comentários:

  1. Vera, ótimo ponto, e diria mais: veja agora nas manifestações, são eles que estão lá, pondo a cara pra bater! Acho que a diferença agora é que a nossa geração olha para eles de forma diferente, porque estamos mais abertos (e melhor adaptados) às mudanças, à tecnologia, do que as gerações que nos precederam.

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  2. Acho que posso ser chamada de retardada...eu não vejo essas diferenças tão difrentes assim, não. Chego a achar um tédio que, praticamente todos nessas "idades", sejam tão praticamente iguais a mim quando tinha essas "idades"... queria novidades. Hehe!

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    1. Eu diria 'antenada' e 'sincronizada', em vez de retardada :)

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    2. Obrigada. Vc é mesmo minha amiga!Hahahahaha!

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    3. Sou, mas isso não significa que eu não esteja dizendo o que eu realmente penso.

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  3. Como voceh bem colocou, as caracteristicas essencias "da juventude" sao as mesmas atraves dos tempos ...

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    1. E é importante a gente não esquecer disso; é fundamental a gente se reconhecer nisso :)

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