"Oi,
prazer, o meu nome é Joice, tenho 45 anos e quero ter um filho”.
A forma nada convencional da minha amiga, atriz,
diretora e professora de teatro, Joice Niskier, se apresentar a quem é hoje seu
marido, Javier Pared, e pai do seu filho de dois anos e meio, David, pode não ter acontecido exatamente assim, mas
traduz a objetividade com que lidamos com o que somos e desejamos a partir dos
‘enta’ .
Joice, David e Javier - foto de Luiz & Luiza Fotografia |
Aos 45 e
sua inerente consciência de que a idade pode ser uma barreira para despertar o
interesse no sexo oposto – homens em geral preferem mulheres mais jovens –, e
de que não há mais tempo para disperdiçar, Joice não pestanejou, ao anexar sua
idade ao nome, quase como um sobrenome, quando, no primeiro encontro, durante o
encerramento de um retiro espiritual
no Uruguai (*), se apresentou ao hoje marido. Assim, como, dias depois, não
titubeou em compartilhar com ele, na primeira troca de e-mails, seu desejo de
ser mãe (eles viviam em países
diferentes e durante meses se relacionaram à distância).
Desejo de
ser mãe aos 45 anos (!) Desejo que, se não pudesse materializar por meios
naturais, poderia tornar real através da
reprodução in vitro. Porém, desde que
existisse um pai. Um pai presente, amoroso, disposto e disponível para o/a
filho(a), independente de constituir com ela, Joice, um núcleo familiar.
“Eu sei,
pela minha experiência de filha, o que é ter um pai forte, presente, amoroso e
participante. Por isso, não conseguia pensar na possibilidade de ter um filho
(a) sem dar isso a ele(a)” – conta ela, refletindo sobre os motivos por que a
produção independente lhe parecia impossível, por mais que admirasse/admire e
apoiásse/ apóie as mulheres que buscam a materninade como mães-solteiras.
Mas
voltando ao primeiro encontro e às primeiras conversas de Joice e Javier. A abordagem sem ‘mi-mi-mis’ , que ela adotou, assumindo de
cara o que considerava como vulnerabilidade – ser uma mulher de 45 anos -- para ele, soou como senha, password, para a
possibilidade de voltar a compartilhar a vida com alguém. Poder ter uma
companheira, depois de um casamento
desfeito, que gerou quatro filhos dos quais ele não abria mão de estar perto, e de uma relação estável, porém, instável, com
um parceira quase quinze
anos mais jovem. Aos 41 anos, ele já tinha se convencido: queria uma mulher
mais madura – uma mulher de 45 anos.
E foi dessa
conjunção de desejos, temores, sonhos, afetos, urgências, e, por que não, astros, que nasceu o amor. O amor que
concebeu David. Que o concebeu, milagrosamente (?), sem o uso de tubos de
ensaio, em parto natural, sem qualquer
síndrome, graças a Deus (ou aos deuses!) e amamentado exclusivamente no peito até os seis meses, por essa
mãe que, então, tinha 47 anos. David, nascido com 3Kg300gr e 48 centímetros, em abril de 2014, e
embalado desde sempre por pai e mãe. David, nome que em hebraico significa
amado, querido, e que, independente de religiões, é
dono da estrela de seis
pontas, que deveríamos seguir para não nos perdermos de nós mesmos, porque a
junção de dois triângulos neutraliza maniqueísmos: encontra o ponto de
equilíbrio entre o bem e o mal; acha o
fiel da balança entre o que é físico e o que é espíritual.
Joice à espera de David |
David, esse menino de dois anos e meio, que gosta de
regar plantas, andar de avião e cresce bilíngue, por conta de ter
pai argentino – seria estrela ou estrella,
aquela que pertence ao seu homônimo na história de Israel? –; que conta com a paciência de pais maduros e que confirma, a cada dia, a vocação para a
maternidade que sua mãe descobriu, ainda na infância, quando, aos oito anos,
dedicou suas férias aos cuidados com um dos gêmeos recém-nascidos, filho da
caseira da casa de veraneio.
“A
lembrança daquele primeiro encantamento me acompanhou a vida toda” – diz Joice.
Encantamento
que a alimentou e fortaleceu na busca de um pai para o/a filho(a) que, sabia,
um dia teria. Emoção mágica que transborda através das histórias de antes e
depois de David, que a uniu a
Javier, apesar do que, à primeira vista, poderia ser lido como
impossibilidade. Histórias de mil e muitas noites – e também de
centenas de milhares de dias, nem sempre fáceis, que antecederam esse encontro e que foram compartilhadas, por
ambas as partes, com muitos queridos amigos.
Momentos
que, no que toca a parte da Joice, nos fizeram cúmplices durante muito tempo e
que possibilitaram o nosso reencontro, mesmo com as distâncias que a vida impôs.
O reencontro que permitiu que voltássemos a trabalhar juntas, que retomássemos
nossas conversas como se as tivéssemos interrompido no dia anterior e que me
impulsiona a celebrá-lo, contando, hoje, essa história de maternidade tardia,
mas desejada a vida inteira. Eu, que nunca senti vontade de ter filhos, que
nunca fui chegada a crianças, mas que me sinto cativada por essa narrativa
pontuada por tanto afeto e por esse menino, David, ainda que só o conheça por
fotografias e pelos relatos amorosos de sua mãe.
Sei que
muitos dos meus amigos, ao lerem este post, pensarão consigo: ‘Talvez seja por
isso; trata-se de um afeto remoto”
Eles me
conhecem bem, há muito tempo e, provavelmente, tem razão. Porém, a própria história da Joice e
do Javi ensina que o que começa como um relacionamento à distância pode, sim,
crescer, se fortalecer, enraizar-se e frutificar.
Então, David, acredite: a condição de remoto não torna
meu afeto menos sincero. Fica aqui, registrado neste post, com o beijo da sua
tia Vera.
(*) Website do retiro no Uruguai: www.isha.com
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relacionamentos, clicando em um dos botões que aparecem no rodapé das traduções
abaixo. Por ter um personagem argentino, excepcionalmente, este post traz
uma versão em espanhol. Obrigada, Javier, pela ajuda para fazer meu portunhol soar como espanhol.
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“Hola, que tal?, me
llamo Joice, tengo 45 años y quiero tener un hijo”.
La manera poco convencional
que mi amiga, actriz, directora y maestra de teatro, Joice Niskier, hizo su
introducción a quien hoy es su pareja, Javier Pared, y padre de su hijo, que
tiene dos años y seis meses, David, puede no haber pasado exactamente asi, pero
traduce la objectividad con la cual manejamos lo que somos y deseamos después
de los ‘enta’.
A los 45, con la
consciencia de que la edad puede ser un obstaculo para despertar el interes del
sexo opuesto – en general, hombres prefieren mujeres más jóvenes --, y de que
tenemos que ahorrar tiempo, Joice no dudó en anexar la edad a su nombre, casi
como se fuera su apellido, cuando hizo su introducción a quien hoy es su marido,
durante el cierre de un retiro espiritual, en Uruguay *. Asi como, algunos dias más tarde, ella tampoco
dudó en compartir con él su voluntad de tener un bebe, en su primer cambio de
e-mails (ellos vivian en paises distintos y durante muchos meses tuviron un
relacionamento remoto).
La voluntad de tener
un bebe a los 45 años(!) ,voluntad qui si ella no pudiera tornar realidad por
los medios naturales, podria hacerlo través de la reproducción in vitro. Siempre que hubiera un padre.
Un padre presente, amoroso, dispuesto y disponible para su hijo. Independientemente
de formar una familia con ella, Joice.
“Yo sé, por mi
experiencia de hija, lo que és tener un padre fuerte, presente, amoroso y participante. Por eso, yo no lograba
pensar en tener un hijo(a) sin darle lo mismo”—ella cuenta, justificando por que no podria enfrentar una ‘producción
independiente’, por * más que admire y apoye las mujeres que hacen esta opción.
Volviendo a las
primeras conversaciones de Joice y Javier. La manera directa como ella presentó
lo que pensaba ser su grande vulnerabilidad – ser una mujer de 45 años – para
él sonó como una contraseña, un password, para la posibilidad de volver a
compartir la vida con álguien. La posibilidad de tener una compañera, despues
de terminar un matrimonio, que generara cuatro niños de los cuales no queria
separarse, y de un relacionamiento estable y a la vez inestable, con una pareja
casi quince años más joven. A los 41 años, Javi ya estava convencido: queria
una mujer más madura —una mujer de 45 años.
Padre presente, amoroso, dispuesto y disponible |
Y fue de esa conjunción
de deseos, temores, sueños, afectos, urgencias y astros (por que no?) que nació
el amor. El amor que generó a * David. Que lo generó milagrosamente (?), sin
procesos de fertilización, en un parto natural, sin ninguna enfermedad, gracias
a Diós (o a los dioses!) y hasta los seis meses exclusivamente amamantado por
esta madre que, en la ocasión, cumplia 47 años.
David, nacido con 3,300 kilos y 48 centimetros, en abril de 2014 y
abrazado desde siempre por su padre y su madre. David, nombre que en hebraico
significa querido, amado, y que, independientemente de la religión, es el dueño
de la estrella de seis puntas, que habremos de seguir para no perdernos de nosotros mismos, porque la unión
de los dós triangulos neutraliza los maniqueismos: encuentra el punto de
equilibrio entre el bien y el mal; entre lo que es fisico y lo que es
espiritual.
David, este niño que
cumple dos años y seis meses, a quien le gusta regar plantas y viajar en avión,
que crece bilingue por tener padre argentino -seria estrela o estrella aquella
que pertenece a su homonimo en la historia de Israel? --, que cuenta con la
paciencia de padre y madre maduros y que todos los dias confirma la vocación
para la maternidad que su mamá descubrió aún en la infancia, cuando a los ocho
años, pasó sus vacaciones cuidando de uno de los bebes de la casera de su casa
de veraneo.
‘El recuerdo del
aquél encantamiento siguió conmigo por toda mi vida”.
Encantamiento que la
alimentó y fortaleció en la búsqueda de un padre para el hijo/ la hija que,
sabia, un dia tendria. La emoción magica que transborda de las historias desde
antes y después de David, que la unió a Javier, a pesar de lo que, a la primera
vista, podria ser leido como una imposibilidad. Historias de mil y muchas
noches – y también de centenas y miles de dias, ni siempre faciles, que
antecedieron su encuentro y que fueron compartidas, por las dos partes, con
muchos amigos.
Momentos que, en lo
que toca a Joice, nos hicieron cómplices durante muchisimo tiempo y que
posibilitaron nuestro reencuentro, independiente de las distancias impuestas
por la vida. El reencuentro que permitió que volvieramos a trabajar juntas, que
retomaramos nuestras conversaciones desde el punto en que las dejamos y que me
motiva a celebrarlo, contando hoy esta historia de maternidad tardia, pero
deseada por toda la vida. Yo, que nunca quise tener hijos, que no me gustan
mucho los niños, pero que fui cautivada por esta narrativa y por este chico,
David, auúnque solamente lo conozca por fotos y por las historias amorosas que
su mamá cuenta.
Yo sé que muchos de
mis amigos, cuando lean este post, pensarán: “A Vera le gusta este niño porque
esta lejos. Se trata de un afecto a distancia”.
Bueno,… Ellos me conocen
bien y hace mucho tiempo; probablemente tienen razón. Pero la propia historia
de Joice y Javi prueba que lo que empieza como un relacionamiento a distancia
puede, si, crecer, fortalecerse, enraizarse y frutificar.
Entonces, David, creéme:
la condición de a distancia no hace mi afecto menos sincero. Lo dejo registrado
aqui, en este post, con un beso de tu tia Vera.
(*) Website del retiro en Uruguay: www.isha.com
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“Hi, nice to meet you. My name is Joice , I am 45 years old
and want to have a baby”.
The non-conventional way my friend, the actress, theatre
director and professor, Joice Niskier, used to introduce herself to Javier
Pared, the guy she married afterwards
and had a child with -- Davjd, two years old and a half – may have not happened
exactly like this, but expresses the objective way we handle whom we are
and what we wish after the forties.
So, Joice did not
think twice in attaching her age to her name, when she first met Javi, in the
closing session of a spiritual spa in Uruguay (*). She was aware that being 45 could be a roadblock, since men
usually prefer younger women, and she knew she did not have time to waste. That was also the reason why she did not
blink in sharing her wish of having a baby, when they first exchanged e-mails
(they lived in different countries and had a remote relationship during many
months).
At 45 she wished to be a mom (!). A wish that if she could
not make happen through natural means, she could make real with the help of in vitro reproduction. But she needed a
father for the child. A present and loving father who not necessarily needed to
form a family with her, Joice.
“From my experience as a daughter, I have ever known what is
to have a strong, loving and available daddy. Therefore, I could not consider
having a child without giving it to her/him “—she says, explaining why being a
single-mother was not an option, although she supports and admires women who
makes that choice.
The maternity gift lived every day |
Back to Joice and Javier’s first meeting and conversations.
The direct approach she took, telling him in advance what she considered a vulnerable
aspect – being a woman of 45 – sounded to him as a sign. A kind of password to
make him consider the possibility of sharing his life with someone again. The
chance to have a partner, after ending a marriage who gave him four
children he wanted to keep close and
after an unsuccessful experience with a woman fifteen years younger than him. In
his mind -- Javi, at the time with 41 -- he needed someone more mature: a 45 year-old
woman.
Their relationship started from the combination of these
wishes, fears, dreams, urgencies, affections and, why not, stars conjunction.
It quickly got strong and became love. The love that conceived David through a
natural conception, delivered him
through natural childbirth without any syndrome, for God’s sake ! (or would
those be goddesses?) and breast-fed by his mother, who, at the
time, was 47. David, who was born with
3.3 Kilograms and 48 cm, in April 2014, and has been lullabied by his parents.,
since his very first second. David, the name that in Hebraic means wished,
loved, and that regardless of any religion is
the six-point star owner. The star we all should follow to keep close with
whom we are, since the intersection of the two triangles brings the balance
between what is good and what is bed; between what is material and what is
spiritual.
David, who now is two years old and a half, enjoys watering
plants and travelling by plane, who grows up bi-lingual, because his dad is
Argentinean – should what is owned by his homonym in the history of Israel be
called star or estrella? -- , who
counts on his mature parents ‘patience and every day confirms his mom’s vocation to be a
mother. A gift she discovered when she was eight years old and spent her
vacations taking care of one of the kids of her summer house housekeeper.
“The memory of that first delight stayed with me my whole life”—Joice
says.
The enchantment that fed and strengthened her while she looked for the father of the child she knew she would have one day. The magic
emotion that emanates from the stories that happened before and after David.
The feeling that brought her and Javi together, although at first sigh, as a couple, they could be seen as an impossibility. One thousand and many night
and day stories – some not easy – that happened before they met and were shared
by both of them with their dear friends.
From Joice’s side, many of those moments made us ‘partners
in crime’ for many years and were the foundation of what allowed us to hang out again after a while without news from each other. The foundation that allowed us to work together again and restarted our conversations from the point
where it had stopped, as the break had never happened. The foundation that
makes me celebrate our friendship today, telling this story of late and whole life desired
maternity. Me, who have never wanted to
have kids, who have never been very fond of children, but feel charmed by this loving narrative and boy, David, even though I have never met him,; I only know him from the pictures and stories shared by his mother.
I know that many of my friends will think when they read this post:
“Maybe that’s the reason: it is a remote affection”.
They have known me well and for a long time now. So, they
probably are right. However Joice and Javi’s story tell us that what starts as
a remote relationship can grow, get strong, create roots and, yes, fructifies.
So, David, believe me: its remote condition does not make my
affection less sincere. I want to make it clear here, with this post and with a kiss
from your aunt Vera.
(*) Website of the
spiritual spa in Uruguay: www.isha.com